AAaA espondilite anquilosante é a principal representante das espondiloartrites, que é um grupo de doenças que inclui além da própria espondilite anquilosante, outros representantes como a artrite psoriásica, artrite reativa e artrite associada às doenças inflamatórias intestinais.
Qual médico que trata espondilite anquilosante?
A espondilite anquilosante é tratada pelo médico reumatologista, que é o especialista com a melhor formação médica para dar o diagnóstico e escolher a melhor opção de tratamento para o seu caso.
A espondilite anquilosante pode ser difícil de ser diagnosticada em alguns pacientes e pode ser confundida com muitas outras doenças, como outros reumatismos, desgaste das juntas, dor lombar postural, entre outros. O diagnóstico correto é muito importante para obter o bom controle da doença e permitir que o paciente volte a ter uma vida funcional.
Quais são os sintomas da Espondilite Anquilosante?
Assim dor lombar que se inicia antes dos 45 anos deve levantar a possibilidade de deste grupo de doenças.
A espondilite anquilosante é o subtipo mais comum das espondiloartrites e afeta principalmente os homens, mas não de maneira exclusiva. Existe cerca de 4 homens para 1 mulher com espondilite anquilosante. A idade de início dos primeiros sintomas costuma ser entre 20-45 anos.
A espondilite anquilosante pode se apresentar com manifestações nos seguintes locais:
-
- Sintomas axiais: dores nas colunas cervical, torácica, lombar ou glúteos (nesse local devido afetar a famosa articulação sacroilíaca)
-
- Sintomas periféricos: juntas dos braços e pernas
-
- Sintomas fora das articulações, como a inflamação do olho (uveíte) e as ênteses (entesite)
Alguns pacientes podem apresentar sintomas na pele (psoríase) ou sintomas intestinais (doenças inflamatórias intestinais), mas nesses dois últimos casos, em geral os pacientes são classificados com o tendo artrite psoriásica e artrite associada à doença inflamatória do intestino.
Sintomas axiais (dores nas colunas e região glútea)
Os sintomas mais comuns na espondilite anquilosante são a dor lombar e/ou nas nádegas. O surgimento dos sintomas costuma ser lento e muitos pacientes apresentam sintomas com alternância de melhora e piora. Com a evolução da doença, a dor passa a ser diária.
A dor da região das nádegas é decorrente da inflamação das articulações que temos na região profunda dos glúteos, que são as articulações sacroilíacas (são duas articulações, uma à direita e uma à esquerda). A dor dessa região pode ser alternante, ou seja, ela pode ocorrer em um lado e depois migrar para o lado oposto e mais adiante retornar para o local inicial.
A dor lombar na espondilite anquilosante tem um ritmo inflamatório, ou seja, apresenta melhora com o exercício/movimentação e piora com o repouso. Sendo assim, a dor é mais intensa no período da noite e início da manhã. Além disso, ocorre rigidez matinal, ou seja, uma sensação de enrijecimento da coluna no início da manhã e que costuma melhora ao longo do dia, com a movimentação.
Alguns pacientes passam a ter dor tão frequente que fica difícil definir esse ritmo inflamatório característico e o reumatologista precisa esclarecer outras possibilidades e também recorrer a exames para tirar possíveis dúvidas.
Se não tratado, o paciente pode desenvolver deformidades na coluna, que incluem redução da lordose lombar. Isso significa que aquela curvatura que temos na coluna lombar vai diminuindo e essa parte pode ficar reta.
As outras partes da coluna também podem ser afetadas, com a coluna torácica e a cervical (dorso e pescoço).
Os movimentos das colunas podem então ser bastante limitados pela evolução das deformidades na coluna e isso traz limitações para as atividades do dia-a-dia.
Sintomas periféricos (dores das juntas dos braços e pernas)
Os sintomas nas juntas periféricas na espondilite anquilosante incluem dor, inchaço, calor e restrição dos movimentos nas juntas fora da coluna, sendo as juntas mais afetadas os quadris, joelhos, ombros e tornozelos.
Sintomas fora das articulações
1) Entesite (dores nas ênteses)
Para entender a entesite, primeiramente eu preciso explicar o que é uma êntese. Nada mais é que o local exato onde ocorre a junção do osso com outras estruturas como tendões ou ligamentos. Esse local pode se tornar inflamado, o que chamamos de entesite.
Esse sintoma é tão importante neste grupo de doenças que pode ser encontrado em cerca de metade dos pacientes.
Uma êntese bastante conhecida é a êntese de Aquiles, aquele tendão que temos perto do calcanhar. O local onde esse tendão se insere no calcanhar pode estar inflamado (entesite). O paciente passa a apresentar dor e algumas vezes, mas nem sempre, pode ter inchaço também.
Outras entesites podem ocorrer nos cotovelos, quadris, joelhos, etc.
2) Uveíte (inflamação da camada uveal dos olhos)
Os olhos podem ser afetados em 20-40% dos pacientes com espondilite anquilosante. Na maior parte das vezes, essa inflamação é chamada de uveíte, que nada mais é que a inflamação da camada uveal dos olhos, que é a camada do meio do olho.
A uveíte da espondilite anquilosante em geral tem início súbito (surge dentre de poucas horas) e pode durar alguns dias ou até semanas. Em geral ocorre em um único olho e essas crises podem se repetir no mesmo olho ou alternar para o outro.
Como é a evolução da Espondilite Anquilosante?
A espondilite anquilosante tem evolução crônica. Como dito anteriormente, ela se inicia em pessoas na faixa dos 20-45 anos. Pode se iniciar com dores na região glútea e/ou na região da coluna lombar.
O paciente pode também começar os sintomas pelas articulações dos braços e principalmente das pernas, com apresentação de dor ou inchaço nas juntas e pode apresentar ainda as famosas entesites, que são as inflamações dos locais onde os tendões se inserem nos ossos, como já explicado anteriormente.
Caso a doença não seja diagnosticada ou tratada adequadamente, a doença pode evoluir com deformidades em vários locais, como nas juntas e nas colunas.
Na coluna, pode ocorrer um processo de ossificação/calcificação de várias estruturas, o que leva a limitação dos movimentos, podendo numa fase avançada gerar o que chamamos de coluna em bambu, que é o completo endurecimento da coluna.
Nessa fase, o tratamento da doença não consegue reverter os danos já existentes, tendo papel na prevenção de novos danos. Por esta razão, o diagnóstico rápido e correto, associado ao tratamento individualizado, é de extrema importância.
Hoje temos diversos tratamentos disponíveis e muitos sendo estudados para o tratamento dessa doença, o que felizmente traz grandes benefícios para os pacientes. Quando atingimos o controle adequado da doença, impedimos o surgimento das deformidades.
Como é feito o diagnóstico de espondilite anquilosante?
O diagnóstico de espondilite anquilosante é feito por um médico reumatologista, o qual avalia os sintomas do paciente, examina as colunas cervical, torácica e lombar testando a movimentação delas e tomando medidas que podem ajudar no diagnóstico e no acompanhamento.
O médico reumatologista examina também as juntas periféricas, como ombros, joelhos, tornozelos, quadris e outras na busca de inchaço, dor ou limitação dos movimentos. Ainda durante essa fase, é feita uma procura pela presença das entesites, que como dito anteriormente, é a inflamação do local onde os tendões se inserem nos ossos.
Durante a consulta médica são questionadas informações na história do paciente sobre presença de uveíte prévia, que é um tipo de inflamação nos olhos e também uma procura ativa pelo histórico familiar, que para a espondilite anquilosante é especialmente importante.
Após juntar todas essas informações, o médico vai solicitar exames de sangue, que incluem as provas de inflamação, como o VHS (velocidade de hemossedimentação) e o PCR (proteína C reativa) e exames de imagem.
Dentro dos exames de imagem, o médico reumatologista pode solicitar radiografia (raio X) das juntas afetadas pela espondilite anquilosante, como joelhos, quadris, tornozelos e colunas e da articulação sacroilíaca.
A avaliação da articulação sacroilíaca nas fases iniciais deve ser feita através de ressonância magnética, que é o exame que consegue detectar correta e precocemente o acometimento das articulações sacroilíacas, que é um tipo de sinal inicial e muito caracterísitico da espondilite anquilosante.
O que é o HLA-B27 e qual a importância na espondilite anquilosante?
A pesquisa do marcador genético HLA-B27 é feita através de exame de sangue. É um forte marcador de associação com a espondilite anquilosante e com a uveíte, que é a inflamação da camada uveal do olho.
O HLA-B27 é um gene que tem associação com a espondilite anquilosante, mas a sua correta interpretação é fundamental para não gerar ou afastar o diagnóstico.
Quem tem HLA-B27 tem uma chance maior de ter espondilite anquilosante, mas a sua presença não confirma a doença. Além disso, a ausência do HLA-B27 não afasta completamente o diagnóstico.
Portanto, o médico reumatologista vai avaliar todos os dados da história do paciente, do exame físico, da imagem e também o histórico familiar para conseguir interpretar corretamente este exame.
Como é feito o acompanhamento da espondilite anquilosante?
O acompanhamento da espondilite anquilosante é fundamental para o sucesso do tratamento. O paciente deve seguir as orientações de retornos periódicos propostos pelo médico reumatologista.
Durante os retornos são avaliados dados muito importantes, incluindo os sintomas do paciente, a contagem de juntas dolorosas e inchadas e os exames de sangue. São feitas ainda medidas da mobilidade da coluna. Baseados nestas informações, o médico reumatologista decide sobre mudanças no tratamento, para otimizar o controle da doença se necessário.
Como dito o controle da doença é fundamental para o sucesso do tratamento e impedir o surgimento de deformidades e limitações que poderiam ser provocadas pela doença.
Durante essa consulta de acompanhamento, o médico pode identificar se o tratamento está bem conduzido ou se está trazendo algum efeito colateral e assim pode fazer os ajustes necessários no tratamento.
Qual o alvo do tratamento da espondilite anquilosante?
O tratamento da espondilite anquilosante tem como objetivo controlar os sintomas do paciente, tanto da coluna quando das outras articulações, ou seja, visa aliviar a dor, o inchaço e a limitação dos movimentos dessas estruturas. Além disso, que já é muito importante para o paciente no momento atual, o tratamento também tem como objetivo prevenir danos permanentes na coluna ou as nas articulações.
O médico reumatologista utiliza ferramentas para medir o grau de inflamação da espondilite anquilosante. O objetivo é deixar a doença em remissão, que é o estado em que a doença se encontra sem atividade, impedindo assim o surgimento de incapacidades.
Como é feito o tratamento da espondilite anquilosante?
O tratamento da espondilite anquilosante se baseia em um conjunto de ferramentas que inclui medidas comportamentais e remédios.
As medidas comportamentais que ajudam no tratamento da artrite reumatoide são:
-
- Parar de fumar
-
- Realizar exercícios físicos, sob orientação – exercícios de alto impacto podem levar a doença a progredir
-
- Manter uma alimentação equilibrada
-
- Atualizar o esquema de vacinação recomendado pelo reumatologista
-
- Controle de peso
O tratamento com remédios deve ser escolhido com bastante cautela pelo médico reumatologista. Atualmente, existem vários tipos de remédios disponíveis para tratamento da espondilite anquilosante.
O médico pode usar medicamentos como anti-inflamatórios, corticoides e medicamentos específicos para as doenças autoimunes, como imunossupressores sintéticos ou biológicos.
Durante a escolha o médico reumatologista avalia o grau de atividade de doença, a presença de outras doenças concomitantes que possam impedir o uso de algum desses remédios e a fase de tratamento em que o paciente se encontra.
Para a prescrição desses remédios e para acompanhamento do uso deles, o médico reumatologista solicita exames para definir dose, esquema de tomadas ou aplicações.
Lembre-se que não há um remédio bom para todos os pacientes, um remédio que é bom para um paciente não necessariamente é o melhor para o outro, cada caso deve ser avaliado com cuidado, pois cada paciente tem suas individualidades e a escolha deve ser feita em conversa com o médico reumatologista.
Consulte um médico reumatologista titulado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia e com Registro de Qualificação de Especialidade devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina. Sua saúde é muito importante e deve ser bem cuidada.